sábado, 13 de junho de 2009

RETRATO

No retrato com moldura na parede,
a menina brinca com os pés descalços na areia quente, com a cara suja.
Fotografia antiga com cara larga de infância.
A água que molha seus pés, trazem a mensagem na garrafa da memória.
Sinto-me petrificada olhando e navegando nas marés do passado, em busca das recoradações.
Sou barco, sou onda, sou maré, inebriada pela luz dos farós,
que ofuscam meus olhos e me deixa cega.
Nunca mais haverá um outro mar assim. Outra inocência festiva em mim.
Nunca mais será permitido molhar os pés sem pisar na lama.
Lodaçal de uma vida sem ilusão.
Lágrimas caem dos cegos olhos, na escuridão,
e vão juntar-se ao mar salgado e frio,
onde me afogo e me debato, a fugir de uma vida sem razão.
(Tania Graniço)

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