domingo, 25 de julho de 2010

TALVEZ!!!


Talvez... talvez tudo, tudo seja de uma simplicidade tão grande, que os olhos vêem, mas o coração se recusa a sentir. Lembrei de uma frase que dizia mais ou menos assim"Cuidado com o coração, não invente sentimentos... e aí vai..." E então pensei... talvez eu tenha inventado essa paixão, pra que desse um movimento a vida, pra que a cada dia a felicidade pudesse chegar. Talvez se faça isso pra que o coração não fique vazio demais e fique nostálgico e pare de bater por solidão.
Talvez a gente crie sonhos e reinvente a vida, pra dar mais sentido a tudo, aos próprios sonhos. Talvez seja isso apenas uma maneira de não ser vazio, por não ter capacidade de amar. Então o amor foi inventado e amado com imensa intensidade. Talvez que assim a vida tenha ganho um balanço diferente e tenha sido vivida mais intensamente.
E o amor amado? Esse sempre tão distante, um dia se fazer presença. E a presença se fazer tão forte que a vida possa ganhar sentido novo e passar a ser vivida da saudade de momentos lindos. Tão lindos, únicos! Momentos! E temer a dor da certeza de que nunca mais serão revividos. Então pra que tantos sonhos? Pra que olhar esse mar com olhos tristes de esperança, se sei que entre o amor e quem se ama tantas águas se encontram impedindo que se possam reencontrar? Águas de águas... águas de lágrimas... águas de amar sem ter de volta esse amor.
Hoje compreendi e é bom que seja assim. E amanhã? Esse amanhã é apenas uma terrível interrogação, uma verdadeira incógnita, de alguém que apesar de ter os próprios sonhos, amava sonhar os teus. Mas os sonhos... esses você parece que já não quer mais sonhar... não comigo.
Quis e sempre quis, trazer você pra mim, pra ficar comigo, pra tê-lo ao meu lado, pra viver e te dar uma vida diferente, uma vida nossa, mas você não quis experimentar. Não diga que fui descontrolada, apressada... eu te esperei, esperei e esperei. Agora decidi que já não quero mais falar, falar e falar. Creio que a vida seguiu em frente, apesar das minhas escolhas. A vida, assim como você, não se importou muito com o que desejei, com o que escolhi. Correu pra frente como sempre faz e eu permaneci na areia sentada olhando o mar. Esse mar que olho agora, que vai e vem, sem se importar com as gotas de lágrimas que rolam de mim e se juntam a "ele". Corre o tempo, corre a vida e eu não aguento mais esa espera. Lembro a nossa "primeira vez", foi ali que nasceu e cresceu essa esperança, quando disse: " me leva com você", lembra?
Talvez eu tenha inventado esse amor, por não ter outro amor. Talvez... Ou quem sabe o amor, esse amor por você me reinventou. Me fez o que hoje sou. Sabe qual é o maior problema? É que não consigo me desconstruir e voltar a ser o que fora antes. Me julgue, me diga que sou tola, que sou exagerada, que... e que..., mas o silêncio... esse é pior que a própria morte. Devo desistir porque pelo menos assim a espera terá um fim. Volto agora, com o corpo e o rosto molhados, na boca o gosto amargo do sal, no coração o vazio, para que outra história seja nele escrita. Mas... me disseram que o coração uma vez cheio, nunca mais se esvazia. É que a dor, as alegrias, o amor em si, ficam marcados, como fica na pele e na carne, quando o amor se faz. Peço-lhe perdão por tê-lo amado demais. Talvez eu não tenha buscado nada, tudo aconteceu verdadeiramente. Talvez... talvez...talvez...
(Tania Graniço)

Nenhum comentário:

Postar um comentário